Por (1) Paulo Duarte e (2) Inês Ramalhete
(1) Portas recompensado, Sócrates fragilizado e Ferreira Leite derrotada
O PS ganhou e tinha que ganhar. Está patente em todos os fóruns e espaços públicos das rádios que o povo acordou hoje com uma forte ressaca, como Louçã premeditara. O povo não acordou ressacado pelo facto de o PS ter ganho mas sim porque não havia outra alternativa possível. E é também por isto que a maioria absoluta não foi alcançada. A justificação é simples, o povo, revoltado com a hegemonia política, com as falsas políticas e, principalmente, com a falta de alternativa, decidiu votar noutro partido mas expectante, pois só o PS poderia sair vencedor.
O CDS sai como grande vencedor, conseguiu mais de 500 mil votos e conseguirá, com certeza, ter mais importância nas decisões políticas. Os restantes, o BE e o CDU, também conseguiram mais votos; é de notar que, se a abstenção não fosse tão prenunciada, estes partidos teriam ainda mais votos. Acredito que uma considerável percentagem das pessoas que se absterão do seu direito ao voto foi por revolta e desgosto pelas personalidades que constituem o actual sistema político.
Dos partidos minoritários surgiu uma surpresa, o MRPP, de Garcia Pereira, que conseguiu mais de 50 mil votos e, com isto, garantiu apoio financeiro do estado. Um passo importante para a principal aspiração do partido - garantir um deputado na Assembleia.
No final todos ficaram bem e de saúde, menos, claro está, o PSD, que saiu como maior derrotado - não conseguiu arrecadar o PS. As coisas vão mudar para Sócrates. O poder absoluto dissipou-se e agora terá que coligar-se, uma palavra dolorosa na habitual personalidade de Sócrates. O PS ganhou e tinha que ganhar mas não com a maioria absoluta.
(2) Voto de confiança
O PS venceu novamente, após uma governação de maioria absoluta, uma crise mundial e uma oposição feroz por parte da Esquerda e da Direita. Apesar de não ter vencido com maioria absoluta, o PS saiu vencedor, assim como Sócrates. Demonstrou que a população vê no Partido Socialista um futuro para Portugal, um rumo, uma ideologia, o que não aconteceu com o PSD que preferia criticar o Governo sem dar, no entanto, nenhuma solução ou ideia para o melhoramento da condição do país. Os portugueses querem coisas concretas, querem uma explicação concreta e não o diálogo vago e erudito dos sociais democratas.
Quem também saiu vencedor foi Paulo Portas com 591.938 votos dos portugueses. As suas ideias sobre a segurança e educação agradaram aos portugueses, pois também estas foram concretas e concisas. Portas mostrou que pode existir autoridade nas escolas e nas ruas sem que para isso entremos num regime opressivo e os portugueses deram-lhe o mérito. Não sou de Direita, mas sou a favor das coligações entre partidos, dando ênfase à área em que cada um incide com mais avidez. O PP mostrou esta preocupação forte ao nível da Educação e Segurança e com isso conseguiu 21 deputados!
O Bloco de Esquerda, conjuntamente com o PSD, saiu derrotado também. Ao longo de toda a campanha e de toda a governação mostrou uma posição extremamente ofensiva que levava a crer que preferia um partido de Direita no poder ao PS. Francisco Louçã tem uma cisma com o Partido Socialista e vai continuar a ter por mais 4 anos. De certo modo, esta cisma levou-o para quarta força política, ficando atrás do Partido Popular e mostrando uma atitude extremamente arrogante – leva-me a crer que preferia que a Dra. Manuela Ferreira Leite estivesse agora no poder... Uma atitude triste quando os problemas do país precisam de uma Esquerda forte e unida.
Agora vamos esperar para ver o que acontece nos próximos 4 anos, com a crise a amainar e com uma política de continuidade.
[1] In http://www.legislativas2009.mj.pt/