sexta-feira, fevereiro 27, 2009

MICKEY ROURKE, O RANDY THE RAM - O MAL AMADO

The Wrestler, filme de Darren Aronofsky, com participação especial de Mickey Rourke, estreou-se hoje nas salas portuguesas.



Trata-se da história de um Wrestler, Randy "The Ram", que está no fim de carreira e que, apesar de o seu mau estado de saúde, quer continuar no topo do mundo do espectáculo. A tristeza da personagem é tão profunda que parece que o actor que a protagonizou, passou pelo mesmo algures no seu passado.

É uma personagem solitária e deprimida. Randy Ram vê-se perdido num mundo em mudança, com um corpo saturado e velho. Os excessos levam-no a desistir da carreira e a desesperar. No fim, confirma e legitima a sua existência enquanto wrestler. Randy Ram sabe que a sua vida é no palco e a sua família, os fãs.

É neste final épico que me apercebo da injustiça que houve nos Óscares. O prémio de actor do ano fugiu-se-lhe das mãos como toda uma vida de sucesso e de espectáculo lhe desaparecera. Randy The Ram não teve oportunidade de saborear o prémio da vitória final. É pena.

domingo, fevereiro 15, 2009

The Sims e a arquitectura

Videojogos e actividade profissional
Por Inês Ramalhete

Sou estudante de Arquitectura e gostava de escrever acerca de como os videojogos se podem interligar com determinada actividade profissional, mais concretamente com a Arquitectura. O videojogo em questão é o The Sims, criado em Fevereiro de 2000 por Will Wright, que se tornou um dos jogos mais vendidos de sempre (já foram vendidas acima das 50 milhões de unidades, o que o coloca como o quinto mais vendido da História)[1].


Habitação colectiva (baseada no complexo habitacional do arquitecto holandês Oud de Weissenhof, 1927)

Will Wright, autor de videojogos como The Sims, Sim City e Spore, é também co-fundador da MAXIS. Apesar de actualmente ser designer de jogos, inicialmente enveredou nos meandros da Arquitectura. O videojogo reflecte esta mesma vertente, através das ferramentas de construção, dos seus elementos (como os vãos), dos próprios materiais e da própria manipulação dos planos (ao nível construtivo, o seu funcionamento e através de planos e não de volumetrias). Temos uma enorme liberdade no processo criativo dos vários edifícios possíveis (habitação, comércio e espaços verdes), mas também na organização do nosso próprio bairro, estabelecendo aqui uma relação com o urbanismo e aproximando-se de Sim City. A outra questão de The Sims é a criação de uma rede social complexa, semelhante à realidade, onde existem as várias faixas etárias e as respectivas relações (recém-nascido, criança 3 anos, criança 10 anos, adolescente, adulto e idoso), onde o jogador pode experimentar vários tipos de interacção entre as personagens. O jogador pode ainda criar histórias, fazer filmagens e tirar fotografias durante o jogo que podem então ser publicadas em vários sites dedicados ao jogo.

Relativamente à Arquitectura, este videojogo tem-me sido bastante útil no sentido de fazer experimentações ao nível da organização dos espaços interiores e das próprias volumetrias dos edifícios. A escala humana proporcionada pelas próprias personagens de várias fisionomias permite-me controlar a própria arquitectura dos vários lugares, quer seja espaço público ou privado. Utilizo o jogo quase como uma ferramenta de trabalho e experimentação que depois, consciente ou inconscientemente, acabo por incorporar nos meus próprios trabalhos académicos. Obviamente que The Sims é limitativo, no sentido de que a construção é toda ela baseada em quadrados e rectângulos, não permitindo portanto superfícies curvilíneas, embora seja útil para uma primeira abordagem. Como estudante de Arquitectura, a vertente construtiva do jogo interessa-me mais relativamente à jogabilidade em si, passando mais tempo a construir do que propriamente a criar famílias e a desenvolve-las.

É um jogo que comecei a jogar aquando o aparecimento da primeira versão em 2000 e certamente, enquanto me for possível, vou continuar a joga-lo na ideia de ser uma ferramenta experimental.

[1] http://www.vgchartz.com/

sábado, fevereiro 14, 2009

PINTURA - 1ª OBRA EXPOSTA

Em Novembro de 2008 participei na V Bienal de Pintura Arte Jovem em Penafiel com o seguinte quadro:



Mãe e filho

Uma mãe e um bebé geminados. Foi a pensar numa mãe independente e autónoma, numa nova força feminista. Não é, no entanto, uma causa feminista. É um louvor ao valor da emancipação da mulher em paralelo com a sensibilidade materna. Pois é ela, a mãe, que nos traz no ventre, e que constrói várias facetas na educação e desenvolvimento do filho.


Os resultados foram positivos. O quadro foi nomeado como finalista e, com isto, recebi uma menção honrosa. Para primeira participação, consegui atingir o objectivo - expor o meu quadro. Fiquei claramente satisfeito :).

sábado, fevereiro 07, 2009

SLUMDOG MILLIONARE

O último filme de Danny Boyle vem acompanhado de polémica e estreia nas salas dos cinemas portuguesas com 11 nomeações para os BAFTA e 10 nomeações para os Óscares. Danny Boyle é um realizador inglês muito volátil. Trainspotting, 28 Dias Depois, um filme de terror, e também um filme de ficção científica, Sunshine, são marcos na sua filmografia.



Este último filme, Slumdog Millionaire, impressionou-me em todos os aspectos. O Wall Street Journal declarou que é a primeira obra-prima globalizada do mundo do cinema. O filme retrata uma Índia em mudança, na qual os mais pobres têm que lutar para ganhar um lugar no mundo. O protagonista, Jamal, é um miúdo de um bairro de latas de Bombaim que vence o concurso “Quem quer ser milionário”. Perante este fenómeno improvável, é acusado de fraude porque um “intocável”, como se diria no sistema de castas, não tem capacidades cognitivas para tal feito.

E é aqui que se centra o interesse da narrativa, em como o realizador pegou nas características da mudança social indiana para um estilo ocidentalizado (é interessante verificar que os call centers em Bombaim são na maioria de empresas Americanas), da metáfora do estado da pobreza perante a crise financeira mundial e do mediatismo tipicamente americano, representado pelo programa sensacionalista, para adornar a verdadeira base da história – o amor entre duas personagens marcadas por este contexto. Danny Boyle constrói um exemplar puzzle, num estilo vistoso, que, porém, se torna num filme convencional baseado na busca do amor perdido.

“A América é a terra dos reality shows e este filme embrulha a realidade com frescura, como nenhum estúdio americano foi capaz de fazer”, diz Naman Ramachandran.

No entanto, as duas Índias e do bairro de lata à vitória milionária, Slumdog Millionaire (“Quem quer ser Bilionário” - sinceramente das melhores traduções portuguesas devido à analogia a Bollywood e a letra B que no filme simboliza o destino) é, sem dúvida, um filme marcante a nível global pelo seu expressionismo estético e pela construção quase onírica de um acontecimento improvável num país exótico e de contrastes. É com este género de filmes que vale a pena relembrar o poder do cinema.