Sabemos que por detrás de um filme há
sempre um orçamento e um público a atingir. Gus Van Sant sabe-o e,
nos seus habituais filmes, repara-se que há uma fuga constante do
puro entretenimento. A sua imagética alerta-nos para filmes que não
bebem a questão meramente comercial, com a qual a maioria dos
produtos cinematográficos se relaciona.
Repara-se também que os valores que
Paranoid Park tenta defender são direcionados para um
público mais crítico, mais conhecedor e atento. Por sua vez, os
críticos de cinema tentaram avaliar este filme com outros olhos, e
criticaram-no muito positivamente. Creio, porém, que quantos mais
planos alongados e monótonos, tanto mais avaliação positiva se dão
aos filmes. Talvez legitime a sabedoria do crítico…
Os planos frontais a seguir o caminhar
do protagonista é uma constante e prolongam-se até à exaustão.
Julgo que neste filme as partes que G. V. Sant decidiu cortar foram
as mais importantes, dando relevo às partes que um habitual
realizador cortaria, como o caminhar de 2 minutos de uma sala à
outra. Com pouco interesse, realmente. A narrativa é pouco complexa,
muito linear e parece-me que existe para suportar a estética,
unicamente. Posso tentar entender a existência deste produto
cinematográfico tendo em vista a questão da reflexão dos espaços
vazios urbanos. Talvez funcionasse melhor se o caminho fosse esse.