segunda-feira, outubro 19, 2009

A queda do Rei

Fifa 10 desmarca-se e marca golo

Por Paulo Duarte


O Rei morreu. Havia de chegar este momento, para minha desilusão. Ao longo destes últimos anos Pro Evolution Soccer tem vindo a ser o mesmo jogo quadradão e previsível. É sem dúvida um grande jogo mas de outra época.


No ano passado Fifa 09 soltou-se do estilo arcade e este ano, a versão 10, tornou-se realmente a verdadeira alternativa. É rápido e suave; os jogadores movimentam-se ao longo dos seus 360 graus, uma novidade no género.

PES tem vindo a manter-se na mesma divisão porque tem apostado naquilo que antes fazia o seu rival não subir, ou seja, tudo o que não é jogabilidade – menus, gráficos e direitos. Chega-se à conclusão que a jogabilidade estancou. Fifa 10 é o simulador de futebol mais realista da actualidade - o videojogo que nos faz acreditar estar no relvado a disputar a bola.

É uma ilusão continuar a esperar mais de um jogo que não mudou nada desde 2006. Uma saga que em 1998, com o lançamento de ISS Pro 98, o primeiro, me fez sonhar e gostar ainda mais de videojogos. Contudo julgo que actualmente a equipa de desenvolvimento do PES se reduziu para uns quantos designers de interface... Este ano a Konami não vai conseguir enganar os seus fãs, este ano vamos todos jogar Fifa por prazer e não por revolta.

terça-feira, outubro 13, 2009

De Hollywood a District 9

Os alienígenas com amarras bem apertadas
Por Paulo Duarte

District 9 parece um filme promissor. Os seus responsáveis deixaram o projecto do filme do videojogo Halo para apostarem neste mais independente. Começa com os comentários das pessoas que vivem num mundo onde os extraterrestres são uma realidade. É neste cenário que se pretende criar uma metáfora da natureza do homem e do outro, do que vem de fora.

District 9 é um filme em grande, muito ambicioso. Não parece que decidiram negar Hollywood e tentar um produto independente (parece estúpido mas nem a escolha da cidade de Joanesburgo em detrimento da habitual escolha de cidades americanas encobre este pormenor).

Este filme, porém, divide-se em dois estados: o primeiro é o início, a primeira parte do filme, aquele que nos foi vendido. Um filme independente e que não está amarrado à moral. O segundo, é um seguimento diferente, onde surge uma narrativa clássica, onde a personagem que está no centro da dramática se torna um herói e salva aqueles que para o público têm que ser salvos. Não era um filme de salvação e de esperança gratuita que estava à espera. Era sim um filme que dissertava sobre um tema e que o explorava.

O tema da xenofobia decalcado no distrito 9, através do impacto de civilizações, tinha tudo para nos fazer reflectir e ser também um bom produto cinematográfico. Contudo perde-se no heroismo moralista. Só faltava a bandeira americana para complementar o cenário. Na verdade o actor principal deveria ter sido o Stallone, pois assim saberiamos logo à partida que iriamos ver um filme convencional.

Questiona-se o cinema quando este na realidade o pretende ser. O classicismo cinematográfico é ainda cinema? A junção da impressão de documentário com as premissas aristotélicas da narrativa transformam esta experiência, mudam e questionam os cânones. Sabe-se já que o cinema não é uma ciência exacta, é uma arte que tem que reflectir a vida e naturalmente seguir contextos. District 9 é isto mas é também um filme independente com amarras bem apertadas...