quarta-feira, julho 22, 2009

A-B-A-C-A-B-B

Por Paulo Duarte

Este era o código que dava acesso a todos os níveis do Sonic para a Mega Drive (genesis nos EUA). Ainda hoje me recordo e sou capaz de fazer o gesto automaticamente.

Nesta altura os códigos, para além de serem uma forma de gravação do jogo, eram um culto. Saber o código e pô-lo em prática era uma arte. As bíblias de truques e dicas foram os livros mais valiosos de qualquer viciado. E os poucos que tinham acesso à internet, faziam inveja mostrando imagens e revelando informações recentes.

Era a altura do Dragon Ball, das aventuras da Lara Croft e da internet a 50Kbs por segundo.



"We make Games That we want to play" Valve

Os videojogos eram desenvolvidos com paixão e a pensar principalmente na diversão. Actualmente a indústria cresceu e os jogadores também. Contudo a paixão dos criadores desvaneceu-se na necessidade de lucrar. A maioria dos jogos são descartáveis, não criam nenhum apego no utilizador. Os custos envolvidos no desenvolvimento de um videojogo são de tal forma abismais que será muito difícil para uma pequena empresa conquistar um lugar. Talvez surjam novos conceitos nos novos meios, como a web (webgames), que revolucionem e tragam de novo a old passion.

Todavia, este é o pensamento que teimo em ter. Porque a verdade é que a magia é sempre maior quanto mais jovens somos. Todos os jogadores da minha geração cresceram a jogar videojogos. É-nos tão habitual que somos nós os melhores críticos dos mesmos. Crescemos, tornamo-nos maduros, e os criadores, a pensar nisto, também mudaram os videojogos.

Os videojogos sempre fizeram parte do meu dia-a-dia. Recordo os jogos antigos com prazer e com um certo saudosismo. Hoje troco os códigos pelo vício dos jogos online. Agora o que conta é ser o melhor entre os melhores, porém, para isto, é necessário videojogos que divirtam
e sejam feitos por quem, no final, também os queira jogar.

quinta-feira, julho 16, 2009

"BRUNA"

Atualmente as produtoras de cinema têm apostado em conteúdos que jamais passariam nas salas há 20 ou 30 anos. Denota-se claramente que a esfera privada tem vindo a ganhar relevância nas Indústrias Culturais. Os vídeos a simular o home made (caseiro), a violência extrema, que só tinha lugar nas mentes mais perversas, a nudez corporal e, claro está, a pornografia, que emerge exponencialmente no espaço público.



Bruno é um filme/documentário de um estilista que viaja pelo mundo à procura de sucesso. A base é simples, o sexo. Não é um filme para entreter (embora pareça) mas sim uma crítica mordaz, com um requinte mórbido à mistura. Temas como a moda, o mediatismo, e a futilidade são abordados sempre com sexo na amálgama. Todo o filme retrata também a geração youtube, a geração que tudo tem instantaneamente, que necessita de doses “vastas e instantâneas” de consumo.

Sendo estes excessos permitidos, o filme torna-se uma marca no cinema, um símbolo da mudança anunciada. Houve realmente filmes de outras épocas física e psicologicamente violentos, como o 120 Dias de Sodoma, de P. Pasolini, e Funny Games, um filme mais recente, entre outros. Contudo Bruno explora o publicamente inconcebivel, como exemplo, explora a pornografia e a homofobia como meras futilidades, onde na realidade são temas evitados e descriminados.

Bruno é um ícone do cinema em mudança, aliás, da sociedade em mudança e em alta velocidade. E a pornografia e o extremismo? São sintomas democráticos, da quebra dos tabus.