
Este último filme, Slumdog Millionaire, impressionou-me em todos os aspectos. O Wall Street Journal declarou que é a primeira obra-prima globalizada do mundo do cinema. O filme retrata uma Índia em mudança, na qual os mais pobres têm que lutar para ganhar um lugar no mundo. O protagonista, Jamal, é um miúdo de um bairro de latas de Bombaim que vence o concurso “Quem quer ser milionário”. Perante este fenómeno improvável, é acusado de fraude porque um “intocável”, como se diria no sistema de castas, não tem capacidades cognitivas para tal feito.
E é aqui que se centra o interesse da narrativa, em como o realizador pegou nas características da mudança social indiana para um estilo ocidentalizado (é interessante verificar que os call centers em Bombaim são na maioria de empresas Americanas), da metáfora do estado da pobreza perante a crise financeira mundial e do mediatismo tipicamente americano, representado pelo programa sensacionalista, para adornar a verdadeira base da história – o amor entre duas personagens marcadas por este contexto. Danny Boyle constrói um exemplar puzzle, num estilo vistoso, que, porém, se torna num filme convencional baseado na busca do amor perdido.
“A América é a terra dos reality shows e este filme embrulha a realidade com frescura, como nenhum estúdio americano foi capaz de fazer”, diz Naman Ramachandran.
No entanto, as duas Índias e do bairro de lata à vitória milionária, Slumdog Millionaire (“Quem quer ser Bilionário” - sinceramente das melhores traduções portuguesas devido à analogia a Bollywood e a letra B que no filme simboliza o destino) é, sem dúvida, um filme marcante a nível global pelo seu expressionismo estético e pela construção quase onírica de um acontecimento improvável num país exótico e de contrastes. É com este género de filmes que vale a pena relembrar o poder do cinema.
2 comentários:
É realmente um grande filme, dos melhores que vi na minha vida, por todas as razões! Boa critica, acho que tocaste nos pontos fulcrais da narrativa, mas não nos podemos esquecer dos aspectos técnicos do filme que são no mínimo, soberbos.
Viva o Danny Boyle!
Sem ter caído na já tao vista história de amores reecontrados,Danny Boyle conseguiu com este filme mostrar ao mundo a miséria indiana que bollywood teima em esconder,a luta pela sobrevivencia de dois irmãos oriundos das mais miseráveis favelas, o amor incondicional de jamal e latika e o background de uma sociedade oriental que a maioria de nós desconhece. Pralém do seu mérito em ter traduzido numa película a obra de Vikas Swarup em que foi inspirado o filme, o realizador conseguiu óptimos planos que captam incrivelmente a atenção do espectador, fazendo-nos querer saber mais e mais acerca do passado das personagens e de como se desenrolará o futuro destas. Apesar de já conhecer o trabalho de Dev Patel na série britânica Skins,não me deixou de surpreender o modo como interpreta Jamal,um miúdo que conseguiu sair da favela e vingar na vida chegando ao ponto de ganhar o famoso concurso televisivo ‘quem quer ser milionario’. Não só Dev mas tambem todos os outros actores fizeram um papel excelente, querendo enfatizar aqui as crianças que interpretaram Jamal,Salim e Latika no inicio do filme e que nunca antes tinham feito qualquer trabalho do género.
Achei hilariante a parte final,em que é introduzido um pouco do tradicionalismo de Bollywood com a dança entre os protagonistas.
É uma história cheia de esperança que nos faz ficar agarrados do principio ao fim ao ecrã e louvar a academia por tão justamente ter entregue 8 oscares das mais variadas categorias no passado dia 22.
Paulo,optima critica ao filme,continua o bom trabalho com o blog
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