Videojogos e actividade profissionalPor
Inês RamalheteSou estudante de Arquitectura e gostava de escrever acerca de como os videojogos se podem interligar com determinada actividade profissional, mais concretamente com a Arquitectura. O videojogo em questão é o
The Sims, criado em Fevereiro de 2000 por Will Wright, que se tornou um dos jogos mais vendidos de sempre (já foram vendidas acima das 50 milhões de unidades, o que o coloca como o quinto mais vendido da História)
[1].
Habitação colectiva (baseada no complexo habitacional do arquitecto holandês Oud de Weissenhof, 1927)Will Wright, autor de videojogos como
The Sims,
Sim City e
Spore, é também co-fundador da MAXIS. Apesar de actualmente ser designer de jogos, inicialmente enveredou nos meandros da Arquitectura. O videojogo reflecte esta mesma vertente, através das ferramentas de construção, dos seus elementos (como os vãos), dos próprios materiais e da própria manipulação dos planos (ao nível construtivo, o seu funcionamento e através de planos e não de volumetrias). Temos uma enorme liberdade no processo criativo dos vários edifícios possíveis (habitação, comércio e espaços verdes), mas também na organização do nosso próprio bairro, estabelecendo aqui uma relação com o urbanismo e aproximando-se de
Sim City. A outra questão de
The Sims é a criação de uma rede social complexa, semelhante à realidade, onde existem as várias faixas etárias e as respectivas relações (recém-nascido, criança 3 anos, criança 10 anos, adolescente, adulto e idoso), onde o jogador pode experimentar vários tipos de interacção entre as personagens. O jogador pode ainda criar histórias, fazer filmagens e tirar fotografias durante o jogo que podem então ser publicadas em vários sites dedicados ao jogo.
Relativamente à Arquitectura, este videojogo tem-me sido bastante útil no sentido de fazer experimentações ao nível da organização dos espaços interiores e das próprias volumetrias dos edifícios. A escala humana proporcionada pelas próprias personagens de várias fisionomias permite-me controlar a própria arquitectura dos vários lugares, quer seja espaço público ou privado. Utilizo o jogo quase como uma ferramenta de trabalho e experimentação que depois, consciente ou inconscientemente, acabo por incorporar nos meus próprios trabalhos académicos. Obviamente que
The Sims é limitativo, no sentido de que a construção é toda ela baseada em quadrados e rectângulos, não permitindo portanto superfícies curvilíneas, embora seja útil para uma primeira abordagem. Como estudante de Arquitectura, a vertente construtiva do jogo interessa-me mais relativamente à jogabilidade em si, passando mais tempo a construir do que propriamente a criar famílias e a desenvolve-las.
É um jogo que comecei a jogar aquando o aparecimento da primeira versão em 2000 e certamente, enquanto me for possível, vou continuar a joga-lo na ideia de ser uma ferramenta experimental.
[1] http://www.vgchartz.com/